ketu ou Queto

Ketu ou Queto

Candomblé Ketu (pronuncia-se queto) é a maior e a mais popular "nação" do Candomblé, uma religião Afro-Brasileira.

No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos pertencentes ao grupo dos Nagôs estavam os Yoruba (Iorubá). Suas crenças e rituais são parecidos com os de outras nações do Candomblé em termos gerais, mas diferentes em quase todos os detalhes.

 

  • Orixás

    Os Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.

    Olorun é o Deus supremo, que criou as divindades ou Orishas (Orixás). As centenas de orixás ainda cultuados na África, ficou reduzida à um pequeno número que são invocados em cerimônias:
  • Exu, Orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
  • Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
  • Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
  • Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
  • Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
  • Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas.
  • Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris.
  • Ossaim, Orixá dos remédios, conhece o segredo de todas as folhas. Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade, e do Rio Niger.
  • Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e amor.
  • Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
  • Nanã, Orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
    Ewá, Orixá feminino do Rio Ewá.
  • Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô
  • Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
    Ibeji, Orixá dos gêmeos
  • Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
  • Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
  • Onilé, Orixá do culto de Egungun
    Oxalá, é um nome genérico para vários Orixás Funfun (branco)
  • OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos
  • Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do destino.
  • Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
  • Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
  • Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
  • Olokun, Orixá divindade do mar
  • Oxalufon, Orixá velho e sábio
  • Oxaguian, Orixá jovem e guerreiro
  • Orixá Oko, Orixá da agricultura

    Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondô, Òssun em Ijexá e Ijebu, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilexá, Otin em Inixá, Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifan e Òságiyan em Ejigbô

    No Brasil, em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá, nas casas menores são cultuados em um único quarto de santo (termo usado para designar o quarto onde são cultuados os Orixás).
  • Ritual

    O Ritual de uma casa de Ketu, é diferente das casas de outras nações, a diferença está no idioma, no toque dos Ilus (Atabaque no Ketu), nas cantigas, nas cores usadas pelos Orixás, os rituais mais importantes são: Padê, Sacrifício, Oferenda, Sassayin, Iniciação, Axexê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum,...
  • O Padê

    O padê é uma cerimônia expiatória do candomblé e de religiões de origem ou influência afro-brasileira, na qual se oferecem a Exu, antes do início das cerimônias públicas ou privadas, alimentos e bebidas votivas, animais sacrificiais etc., na intenção de que não perturbe os trabalhos com seu lado malévolo e que agencie a boa vontade dos orixás que serão invocados no culto. Também conhecido como despacho (de Exu).

    Procedimentos

    Tem início obrigatoriamente com o padê de Exú, do qual muitas vezes se dá uma interpretação falsa, particularmente nos candomblés banto: Dizem Exú é o diabo, poderá perturbar a cerimônia se não for homenageado antes dos outros deuses, como aliás ele mesmo reclamou (Roger Bastide, Imagens, p.115). Para que não haja rixas, invasões da polícia (nas épocas em que haviam perseguições contra os candomblés,"Estado Novo"), é preciso pedir-lhe que se afaste; daí o termo de despacho, empregado algumas vezes em lugar de padê, despachar (significando mandar alguém embora).

    Exú é, na verdade, o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e a dos Orixá. É pois ele o encarregado - e o padê não tem outra finalidade - de levar aos Orixás da África o chamamento de seus filhos do Brasil.

    O padê é celebrado por duas das filhas-de-santo mais antigas da casa, a dagã e a sidagã, ao som de cânticos em língua africana, cantados sob a direção da iyá têbêxê e sob o controle do babalorixá ou iyalorixá, diante de uma quartinha com água e um alguidá contendo o alimento de Exú, um outro recipiente com o alimento favorito dos ancestrais. Embora o padê se dirija antes de tudo a Exú, comporta também obrigatoriamente uma cântiga aos mortos (Essá) ou para os antepassados do candomblé, alguns dentre eles sendo mesmo designados por seus títulos sacerdotais. A quartinha, o recipiente e o alguidá serão levados para fora do barracão onde se desenrolará o conjunto de cerimônias.

    A festa propriamente dita pode então ter começo.

 

  • O Sacrifício

    Sacrifício é a prática de oferecer alimento, ou a vida de animais ou pessoas para os deuses, como um acto de propiciação ou culto. O termo é usado também metaforicamente para descrever actos de altruísmo, abnegação e renúncia em favor de outrem.

    É o tipo de ritual onde se mata um animal como parte de uma religião. É praticada por muitos religiões como maneira de se agradar a Deus ou aos deuses ao mudar o curso da natureza. Sacrifício animal tem aparecido em quase todas as culturas, desde os hebreus até os gregos e romanos.

    Sacrifício - vem da palavra sacrificar que no sentido religioso é oferecer em holocausto por meio de cerimônias próprias. Sua origem etimológica é sacr (de origem provavelmente judaica) e a palavra latina ofício.

    No candomblé, esta parte do ritual denominada de sacrifício não é propriamente secreta; porém não se realiza em geral senão diante de um número muito pequeno de pessoas, todas fazendo parte da religião. Teme-se sem dúvida que a vista do sangue revigore entre os não iniciados os estereótipos correntes sobre a barbárie ou o caráter supersticioso da religião africana.

    Uma pessoa especializada no sacrifício, o Axogun, que tem essa função na hierarquia sacerdotal, é quem o realiza ou, na sua falta o babalorixá pode realizar. O Axogun não poderá deixar o animal sentir dor ou sofrer porque nesse caso a oferenda não será aceita pelo Orixá.

    O objeto do sacrifício, que é sempre um animal, muda conforme o Orixá ao qual é oferecido; trata-se conforme a terminologia tradicional, ora de um animal de duas patas, ora de um animal de quatro patas, isto é, (galinha, pombo, bode, carneiro). Na realidade não se trata de um único sacrifício, sempre que se for fazer um sacrifício à qualquer Orixá, antes terá que ser feito um para Exú, que deve ser sempre o primeiro a ser servido.

    Esse sacrifício não é só uma oferenda aos Orixás, todas as partes do animal vão servir de alimento, nada é jogado fora. O couro dos animais são usados para encourar os atabaques, o animal inteiro é limpo e cortado em partes, algumas partes são preparadas para os Orixás e o restante é preparado para todos comerem. Tudo é aproveitado, mesmo a parte que foi oferecida aos Orixás, depois de algumas horas, é distribuída entre os filhos da casa como o Axé do Orixá.

    É usada para confraternização, união dos filhos que comem juntamente com o pai ou mãe e distribuição do Axé gerado pelo Orixá. (Acredita-se que após algum tempo que a comida esteja no Peji ela fica impregnada pelo Axé do Orixá).

    O sacrifício no candomblé é a renovação do Axé, é feito uma vez por ano para cada Orixá da casa ou em circunstâncias especiais.
  • A Oferenda

    No candomblé
    , uma oferenda é o sacrifício de um animal ou a preparação de outros tipos de alimentos para oferecer a um determinado orixá.

    O animal sacrificado vai das mãos do axogun para as mãos da cozinheira (Iyabassê), que vai preparar o alimento tanto para o Orixá como para todos os presentes.

    Todas as partes do animal são separadas. A parte interna do animal e o sangue petencem ao Orixá.

    Mas o resto do animal é cozido e preparado para serem servidos no final da festa, aos visitantes e filhos da casa.

    Além dos animais, outras comidas são preparadas dependendo do Orixá que está sendo homenageado, o amalá para Xangô, o xinxim de galinha para Oxum, o acarajé para Iansã, tudo será colocado diante do assentamento do Orixá como oferenda. Toda essa comida serve para alimentar uma comunidade inteira de filhos de santo e suas famílias que geralmente moram nas proximidades do terreiro.

     

 

  • Sassayin

    Sassayin ou Sassaim é o nome que se dá ao ritual do candomblé, de cantar as folhas sagradas ou rezar as folhas, são cantigas específicas para cada folha, reconhecidas pelo nome da folha (ewe) e seu conteúdo que é o atributo da folha. Folhas sagradas, Ewé Orò ou Folhas de Orô é como são chamadas as folhas, plantas, raízes, sementes e favas utilizadas nos preceitos e cerimônias das Religiões Afro-brasileiras

  • Iniciação

    Iniciação (do latim initiatio) é um termo que remete a começo, entrada: iniciar um evento, ação, circunstância ou acontecimento. Também tem um significado de ascensão de um nível (abandonado) de existência para um outro nível superior.

    A iniciação também é um tipo de cerimônia em muitas sociedades, na qual é introduzido um novo membro após alguma tarefa ou ritual particular. Normalmente o ritual de iniciação envolve a condução do novato por um veterano do grupo, e costuma consistir na exposição de novos conhecimentos - inclusive segredos.

    Entre os objetivos de alguns tipos de iniciação, destacam-se o aprendizado de valores fundamentais para a vida no nível seguinte (adulto). O iniciado deve aprender a se fortalecer com o isolamento, sobreviver em condições precárias, estar preparado para as dificuldades da vida (por exemplo, muitas iniciações exigem que o iniciado construa a cabana em que ficará isolado durante o ritual), aprender a caçar, pescar, conhecer a fauna e flora, etc.

    Na nação do candomblé Ketu por exemplo (ver iniciação Ketu), a iniciação envolve um retiro de 21 dias, em que a pessoa é mantida afastada da família e da vida profana, devendo desligar-se de tudo e dedicar-se totalmente aos rituais. O processo ainda vai obrigar o iniciado a raspar a cabeça, fazer curas (pequenos cortes), assentamento do Orixá, com oferecimento de animais, comida ritual, flores e frutas.

    Em universidades e faculdades o termo iniciação científica relaciona-se a um período em que o estudante auxilia um pesquisador experiente na condução de um trabalho, para aprender a fazer ciência. As iniciações científicas são consideradas, muitas vezes, preparações para cursos de pós-graduação.

    No Tantra, iniciação (em sânscrito, diiks'a') refere-se a um processo em que o aprendiz é orientado no caminho do equilíbrio e da plenitude, e recebe um mantra perfeito para a prática da meditação. Ao finalizar a iniciação, o aprendiz deve firmar um compromisso de amor e gratidão com Deus e com o mestre.

  • Axexê

    Axexê cerimônia realizada após o falecimento de alguém iniciado no candomblé.

    Quando um iniciado no candomblé morre, junta-se todos seus pertences pessoais utilizados em sacrifícios e obrigações, como roupas, colares e os assentamentos de santo e se faz uma consulta oracular para se saber do destino dos objetos separados, se ficam com alguém. Em caso positivo, o objeto ou objetos em questão é lavado com ervas sagradas e entregue ao herdeiro ou herdeiros revelado(s) no oráculo, e em caso negativo, o objeto é separado para junto com os demais e, após serem os colares rompidos, as roupas rasgadas e os assentamentos quebrados, são colocados em uma trouxa que será entregue em um local também indicado pelo oráculo.

    Normalmente, a trouxa, chamada de Carrego de Egum, é acompanhada de um animal sacrificado, indo de uma única ave à um quadrúpede acompanhado de várias aves, dependendo do grau iniciático do morto. E ainda, se o falecido era um iniciado de pouco tempo, basta um lençol branco para embalar o carrego, se se tratava de alguém mais graduado, o carrego é colocado em um grande balaio, o qual é depois embalado no lençol.

    O processo de preparação e entrega, ou despacho do Carrego de Egum é a cerimônia fúnebre mínima que se dedica a qualquer iniciado no candomblé quando morre. As variações surgem, como foi já colocado, dependendo do grau iniciático ao qual pertencia o morto mas também da Nação em que fora iniciado. Se o morto era uma pessoa graduada na religião é que mereceria um Axexê. O Axexê nesses casos antecede ao Carrego de Egum e consiste em uma, três ou seis noites de cânticos e danças na qual se celebra a partida do iniciado para o outro mundo, rememorando o nome de outros iniciados já falecidos e, enfim, os eguns em geral. Canta-se também a certa altura para os orixás, menos para Xangô e Oxalá para os quais se canta no depois da entrega do carrego no ritual do arremate.

    Todos os participantes devem vestir branco, a cor do nascimento e da morte no candomblé, e devem estar com a cabeça e os ombros cobertos. Obedecem-se vários preceitos rígidos de comportamento dentro do terreiro durante todo o processo, para evitar melindrar o espírito que está sendo respitosamente despdido. Depois do carrego despachado, canta-se o arremate no dia seguinte à tarde, antes do pôr-do-sol, as mesmas cantigas do Axexê são ainda entoadas e no final são louvados os orixás, e empreende-se uma limpeza ritual do terreiro, com a participação eventual dos orixás que porventura tenha se manifestado em seus médiuns. Ao longo do Axexê mesmo somente orixás mais ligados à morte como Oyá-Iansã, Obaluaiyê, Ogum, etc. costumam se manifestar. No caso em que o morto era um pai ou mãe de santo cujo terreiro permaneceu ainda aberto, costuma-se repetir o ritual um, três, seis meses, e um, três, sete anos depois do Axexê inicial.


    O Axexê também é conhecido pelos nomes de sirrum e zerim, nomes em Língua Fon significando os instrumentos que são percutidos em substituição aos atabaques. O sirrum é uma metade de cabaça emborcada em um alguidar onde se encontra uma mescla de substâncias líquidas e o zerim é um pote com certas substâncias dentro que é percutido com um leque de palha dobrado em dois. Quando se trata de uma pessoa especialmene antiga e poderosa na religião, o Axexê é tocado com atabaques mesmo, com os couros ligeiramente afrouxados para serem depois também despachados no carrego. Em alguns terreiros da Nação Ketu também se usa tocar Axexê com três cabaças: duas inteiras e uma com a ponta cortada.

  • O Olubajé

    O Olubajé é a festa anual em homenagem a Obaluayê, onde as comidas são servidas na folha de mamona.

    Obaluaiyê, Obaluaê, Xapanã, Sakpatá, são alguns dos nomes como é conhecido esse Orixá-Vodun africano.

    Xapanã nasceu em Empê, no território Tapa, também chamado, Nupê.

    Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste.

  • As Águas de Oxalá

    As Águas de Oxalá no Ilê Opó Afonjá é descrita sem detalhes. Os filhos do Axé, trajados de branco, saem em silêncio do terreiro, em procissão, carregando potes e moringas, tendo à frente a Iyalorixá tocando o seu ajá.

    No tempo de Mãe Senhora, dirigiam-se para uma fonte chamada Riacho, que fica ao lado da Lagoa da Vovó, nessa roça de São Gonçalo do Retiro. Hoje, essa obrigação é feita dentro do próprio terreiro.

    Representa uma homenagem a Oxalá. Na lenda da viagem de Oxalá ao reino de Xangô - esta homenagem trata-se de um ato de respeito, um pedido de perdão pelas injustiças ocorridas com Oxalá em sua visita ao Reino de seu filho Xangô. Com uma caminhada pelas ruas de Salvador até Igreja do Senhor do Bonfim, esta grande homenagem é iniciada através de vários rituais iniciados no ano anterior e concretizados no mês de Janeiro através da lavagem das escadas da Igreja em homenagem ao Pai Òrìsà Osàlà.
    Epaô Baba!

  • Ipeté de Oxum

    Ipeté de Oxum ou Peté de Oxum é o nome da comida de Oxum, e foi adotado o mesmo nome para a festa que se faz à Oxum anualmente em muitas casas de candomblé, em todo Brasil.

    No Opó Afonjá, Mestre Didi conta que esta festa marca o encerramento das festas do ano. Nesse dia não há sacrifício, que já foram feitos nos dias anteriores. Há muita comida, galinha, pernis de porco, além de outras iguarias, que são distribuídas a todos que comparecem. Além daquelas que são feitas para as obrigações dos Orixás e que serão também divididas entre os presentes, que são o adun (fubá de milho com azeite de dendê e açucar), o ekó (milho branco ralado e cozido, uma espécie de canjica, mais conhecido pelo nome de acaçá), o ixu (inhame), o aluá e o próprio peté. Todos trabalham com afinco, cada um com seu trabalho: quem é de cozinhar, cozinha; quem é de fazer bandeiras, faz bandeiras; quem é de fazer surpresas, faz surpresas.

    O Assobá, acompanhado dos Ogans da casa, organiza a arrumação do barracão, colocando bandeirinhas, mariôs, e folhas que servem de ornamentação, se enfeita o barracão sempre que há festa. Arruma mariôs também em todas as portas de todas as casas para livrar a todos de aproximação e irradiação de maléficos. Arruma também duas mesas, uma grande para a vasilha do peté e uma menor, para as surpresas.

    Como não há sacrifício de animais nesse dia, também não há padê. A festa começa às cinco horas da tarde, com a procissão do peté. Saem todas as filhas de Orixá da casa de Oxum, cada uma com seu balainho, uns contendo o peté, com pratos e talhes, outro contendo adun e ekó. Outras ainda carregam cestas de flores ou bandejas com diversas surpresas. Cantam e dançam em Ijexá, enquanto os foguetes explodem.

    Essa procissão é dentro da roça, vai até o Cruzeiro passando em frente à casa dos mortos (Ilê Ibó), fazendo-lhe uma certa reverênci, saudando a antiga Iyalaxé (Aninha). Rumando para o barracão passam pela casa de Xangô, Iyá, Oxalá.

    Quando chegam, todas as filhas que conduzem o carrego já estão manifestadas. São as pessoas mais velhas que recolhem e distribuem o peté e as surpresas nos devidos lugares. Nesse momento a Oxum da Iyalaxé senta-se no seu trono e as outras sentam-se em cadeiras comuns, metade de um lado e metade do outro, enquanto a comida é dividida.

    Depois começa o xirê, com a dança da Oxum mais velha. Só quando ela volta a sentar-se é que todas as outras começam a dançar. E assim a festa se prolonga até a meia-noite, quando é encerrada com a roda de praxe, saudando Oduduá, pedindo paz, saúde e tranquilidade de espírito a todos do Axé, adeptos e convidados para que no próximo ano estejam todos novamente reunidos para as homenagens aos Orixás.

    Na Casa Branca do Engenho Velho

  • A Linguagem

    A língua sagrada utilizada em rituais do Ketu é o (Iorubá ou Nagô) é derivado da língua Yoruba. O povo de Ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos das africanas que fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas, lendas, cantigas, comidas, festas, esses ensinamentos são passados oralmente (ver oralidade) até hoje....